CINCO DESAFIOS COMUNS AO APRENDIZADO DO PORTUGUÊS – E ALGUMAS DICAS PARA SUPERÁ-LOS!
O idioma português é rico e cheio de detalhismos. Aprender a falar bem português, de modo a ser compreendido e poder se comunicar no dia-a-dia, exige estudo, dedicação, paciência e uma boa dose de interesse para aprender como alguns termos são usados no cotidiano. Segue, abaixo, uma lista de cinco dificuldades muito comuns relatadas por estudantes da língua portuguesa.
1. Masculino e feminino
O uso do masculino e do feminino é algo que pode confundir bastante a cabeça do estudante!
Para palavras do gênero masculino, como “menino”, usa-se os artigos “o” (artigo definido) e “um” (artigo indefinido). Assim, teríamos: “o menino” e “um menino”. Já palavras do gênero feminino, são acompanhadas pelos artigos “a” e “uma”. No caso do feminino, teríamos: “a menina” e “uma menina”.
Como é possível perceber no exemplo acima, a variação do masculino e feminino no substantivo acontece pela mudança de apenas uma letra: o, a. É por isso que temos menino (masculino) e menina (feminino). Isso ocorre também com outras palavras, como quando queremos expressar agradecimento: obrigado (se é um homem quem fala) ou obrigada (se quem fala é uma mulher).
É muito fácil fazer a flexão de gênero para palavras que alteram apenas uma letra. O problema começa quando é preciso modificar mais de uma letra na palavra para fazer a flexão de gênero. Vejamos alguns exemplos:
o/um rei – a/uma rainha
o/um galo – a/uma galinha
o/um ator – a/uma atriz
o/um leão – a/uma leoa
Nesse exemplo, percebe-se que algumas palavras sofrem grandes mudanças na flexão de gênero. Existem também algumas palavras que não mudam no masculino ou feminino. Nesses casos, sabemos a diferença apenas pelo artigo, adjetivo ou outras palavras que a acompanham. Vejamos alguns exemplos:
O estudante dedicado aprende português.
A estudante dedicada aprende português.
Nesses casos, a palavra “estudante” não variou. Sabemos que ela se refere a um garoto ou a uma garota, por causa das palavras “o, dedicado” e “a, dedicada”.
Com isso, fica a dica: na dúvida sobre a flexão de gênero de um substantivo (masculino ou feminino), observe as outras palavras que a acompanham. Em sua comunicação, use os artigos de forma correta, que estão você será mais facilmente compreendido – ou compreendida .
OBS: Lembre-se de que há palavras que não mudam de gênero nunca! Isso acorre, em geral, no caso de objetos. Ex: a/uma mesa, a/uma porta, o/um computador, o/um quadro.
2. Singular e plural
O uso do singular ou plural em português obedece a regras que podem ser bem diferentes de outros idiomas (incluindo o inglês). A palavra estará no singular quando queremos falar de apenas um elemento (objeto ou pessoa) e estará no plural quando nos referimos a mais de um elemento. Vamos ver como isso funciona nos substantivos, em especial.
Um grande grupo de substantivos usa apenas uma letra para informar se a palavra está no singular ou no plural: a letra “s”. Seguem alguns exemplos:
substantivo – substantivos
mesa - mesas
casa – casas
menino – meninos
O problema começa quando mais de uma letra precisa ser mudada para formarmos o plural da palavra. Quer ver alguns casos? Vamos lá:
irmão – irmãos
homem - homens
flor – flores
inútil – inúteis
Há também os casos em que os substantivos não mudam, estejam eles no singular ou no plural. Aqui, usaremos os artigos para facilitar a compreensão.
o/um ônibus – o/uns ônibus
as/umas férias
Perceba que “férias” é um exemplo de palavra que está sempre no plural (e no feminino)! Quem pensou nesta palavra em português, já imaginou que todos os trabalhadores deveriam ter sempre muitas “férias” no plural, e nunca apenas um período de “férias”. Quem dera fosse assim na vida real...
3. Flexão e tempos verbais
Essa costuma ser uma das maiores dificuldades para não nativos da língua portuguesa, e é também um dos fatores que mais podem atrapalhar a comunicação no dia-a-dia. No final das contas, se você trocar o masculino com o feminino, ou o singular com o plural, as pessoas ainda conseguirão te compreender num diálogo. Porém, isso pode ser bem diferente quando falamos em tempos verbais... Utilizar um tempo verbal de modo inadequado pode confundir muito a pessoa com a qual você está conversando, e mudar totalmente o sentido do que você quer dizer.
Em, português, existem 11 diferentes tempos verbais, que variam dentro de 3 modos verbais: indicativo (quando se fala em algo com precisão), subjuntivo (quando se fala sobre uma possibilidade) e imperativo (quando se está dando ordens). Além disso, os verbos podem estar em tempos verbais simples ou compostos, em formas nominais também simples ou compostas... E assim segue, eternamente, numa infinidade de combinações, que dependem também das características dos próprios verbos: em voz ativa, passiva ou reflexiva, em seus particípios, infinitivos ou gerúndios, vaiando de número e pessoa...
Impossível de aprender? Não só para você, acredite. O português, enquanto língua de matriz românica, é um dos idiomas que mais possui flexões verbais. São tantas, que, acredite, nem mesmo os falantes nativos do português as dominam muito bem.
No caso das flexões verbais, em especial, a compreensão pode ser muito facilitada por outras palavras que indiquem o que você quer falar. Para o passado, por exemplo, pode ajudar muito o uso de termos como “ontem”, “no ano passado”, “no verão passado” etc. Para o presente, “hoje”, “agora”. Para o futuro “amanhã”, “no próximo mês” e assim por diante. Saber diferenciar o passado, presente e futuro é algo que pode ajudar muito na sua comunicação do cotidiano.
No caso dos verbos, ajuda muito também a leitura do idioma, iniciando pelo nível básico e indo depois a livros de literatura portuguesa – por que não? No Brasil, meu país de origem, temos alguns escritores que são excelentes para ampliação do vocabulário e também do conhecimento sobre tempos verbais: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna... Ah, brincadeira, não comece por eles, mas sinta-se motivado ao pensar que dentro de pouco tempo o seu português estará tão bom, que você até conseguirá ler essas verdadeiras preciosidades da literatura brasileira e mundial!!!
4. Sotaque
Aa diferenças entre sotaques são comuns de serem notadas em qualquer idioma, variando de acordo com a região e os modos de falar de um povo.
No caso da língua portuguesa, a primeira diferença importante de ser aprendida em relação ao sotaque, é: o português com sotaque de Portugal é muito diferente do português com sotaque do Brasil! Em geral, é até possível um brasileiro e um português nativos compreenderam um ao outro, mas isso será mais difícil se você não for um nativo e estiver tentando se comunicar com alguém de um país com sotaque diferente.
Essas diferenças estão na entonação das palavras, na velocidade e até mesmo no vocabulário. No Brasil, o português vindo dos colonizadores de Portugal se misturou ao modo de falar dos índios, negros, colonos e tantos outros povos ao longo da nossa história, que surgiu praticamente um outro idioma.
Para se ter ideia, a palavra “rapariga” no português de Portugal é usada de modo comum para se se referir a uma garota. Mas no Brasil, essa mesma palavra pode ser bastante ofensiva... O uso do pronome “tu” também é comum em Portugal, mas no Brasil está restrito apenas a textos literários ou contextos muito formais; o tu, no Brasil, quase não é usado numa conversação do cotidiano.
Fica então a dica: escolha qual é o português que você quer aprender antes de escolher o seu material de conversação. Na parte escrita, o português de Portugal e do Brasil são praticamente idênticos, principalmente após a reforma ortográfica ocorrida nesses países durante os últimos anos. Podem surgir dificuldades apenas na conversação e, nesse sentido, é melhor você escolher cursos, vídeos ou materiais de estudo que melhor se adaptem às suas necessidades.
Existem também as diferenças regionais, que são muitas num país tão grande quanto o Brasil. Os sotaques podem ser bem fortes, com diferenças marcantes entre o modo de falar no nordeste, no norte, no sudeste e no sul do país. A boa notícia é que, em geral, ao menos dentro do país e se você não usa palavras que são próprias daquela região, você será compreendido numa conversação. Pode até ser bem interessante ouvir e tentar perceber essas diferenças!
5. Gírias
Eis um grande vilão de qualquer idioma! Se você já domina relativamente bem no domínio de um idioma e escuta um grupo de adolescentes conversando com a impressão de que eles estão falando uma outra língua, você sabe bem o que eu quero dizer. As gírias podem ser desconhecidas até mesmo em se tratando do seu próprio idioma nativo, mas podem ser terríveis quando estamos aprendendo um outro idioma. Os ditados populares entram na mesma categoria, já que quase sempre eles não significam a mesma coisa da sua tradução literal.
O aprendizado de gírias costuma ser mais adequado àqueles estudantes que desejam aprofundar-se num idioma, ou mesmo para aqueles que desejam comunicar-se bem nas ruas e conversas triviais com falantes nativos. Se o seu objetivo é comunicar-se para o ambiente de negócios, lembre-se que as gírias não são adequadas de serem usadas nesses locais – exceto, é claro, se você tiver um colega de trabalho que não esteja preocupado com essa pequena regra de etiqueta e você precisar compreender o que ele fala e falar no mesmo “idioma” dele. hehe
Espero que esse artigo tenha sido útil para você! E lembre-se: por mais que você estude gramática e vocabulário, é a prática da leitura, escrita e conversação que vão fazer você evoluir do domínio do idioma. Assim, procure diversificar seus instrumentos de aprendizado. Logo você perceberá que coisa bonita, criativa, poética e maravilhosa é a língua portuguesa, não faltando motivos para continuar estudando. Boa sorte!
24 Ocak 2018